Rodrigo Vieira Braga Fagnani na Sala com Marcia Duarte
O Paratleta conquista três medalhas de Ouro para Valinhos nos regionais e
fala ao JTV
Fale como se tornou um paraplégico? Como recebeu esta notícia?
Com 21 anos de idade sofri um acidente de carro. Foi exatamente no dia 18
de maio de 2003. Fiquei internado na Santa Casa de Valinhos durante 15 dias,
onde passei por uma cirurgia para colocação de uma placa em uma das vértebras.
Realmente, uma fatalidade. No momento da notícia o médico me perguntou:
"Você tem noção de como vai ser daqui pra frente?" e eu respondi:
doutor eu não estou pensando naquilo que perdi e sim naquilo que eu posso ganhar
daqui pra frente. Porque não perdi o bem maior que é a vida.
Quais foram às dificuldades encontradas?
O fator fisiológico e o de mobilidade foram os maiores desafios. Não tive
depressão, não fiz tratamento psicológico, minha recuperação foi graças ao carinho
e amor prestados pelos meus amigos e familiares. Acredito que eles foram meu
maior incentivo.
Como foi a sua reabilitação?
Numa primeira etapa fiz o tratamento de reabilitação focado na postura, na
circulação, na cardiorespiração e na fisioterapia inicial, junto a AACD e a
UNIP. Num segundo passo foi o fortalecimento muscular junto a ACESA Valinhos,
onde pratiquei equoterapia e natação. Depois de dois anos e meio do acidente já
estava frequentando a academia de musculação do clube atlético valinhense.
O que te levou a prática esportiva?
Desde que me conheço por gente sempre pratiquei esportes, dentre eles
atletismo, ginástica olímpica, futebol, capoeira, jiu-jitsu e musculação. Em
2005 comecei a trabalhar na Prefeitura Municipal de Valinhos como supervisor
de esportes. Foi quando conheci o Adriano Vitorino e o Peterson Alves e
iniciei o treinamento no atletismo adaptado. O esporte me proporciona
qualidade de vida, resgate da autoestima, inclusão social e realização
pessoal.
Fale sobre sua
participação como paratleta.
Participo desde 2005 de competições. Sou o atleta que tem mais medalhas nos
Jogos Regionais e Abertos. Nos Jogos Regionais sou o atleta invicto nas
modalidades por mim praticadas. Em 2006 fui o primeiro atleta campeão
paraolímpico brasileiro universitário e primeiro atleta campeão dos Jogos Abertos.
Na primeira participação nos Jogos Abertos fui ouro, nas demais fui prata e
bronze nas modalidades de arremesso de peso e lançamento de disco e dardo.
Duas vezes pratiquei Kart, sendo quinto colocado na primeira vez e terceiro
colocado na segunda. Em 2010 comecei tiro esportivo e praticar natação.
E para o futuro?
Continuo praticando musculação, pretendo iniciar competições de natação e
luta de braço. Não pretendo parar tão cedo, pois o esporte faz parte das
melhores sensações que tenho na vida.
Em 2009 você se tornou Diretor de Esportes. Quais foram os seus feitos?
Busquei democratizar e descentralizar o esporte levando para os bairros
atividades esportivas. O meu foco e prioridade foi sempre a juventude e também
os esportes radicais, como skate, dirty jump,... Realizei diversos eventos
esportivos na cidade junto com a Secretaria de Esportes e com o apoio dos
professores envolvidos.
Como você avalia o resultado geral dos Jogos Regionais deste ano?
Valinhos mostrou muito empenho e dedicação dos professores, diretores e do
secretário Paulo Sabioni "Periquito". Em tão pouco tempo de gestão
Valinhos obteve resultados expressivos comparados a anos anteriores e com a
atuação de atletas legítimos valinhenses, sem a contratação de estrelas.
E os seus resultados nos jogos regionais?
As marcas que obtive foram abaixo das minhas obtidas em treino, devido à
ruptura do tendão do meu dedo que sofri dias antes das competições. Mesmo assim
consegui assegurar três medalhas de ouro para Valinhos, estando no pódio três
vezes representando minha cidade. E isso é questão de orgulho para rriim.
Qual a mensagem que você deixa para as pessoas com deficiência?
Saber olhar para trás onde verá pessoas em pior situação, saber olhar para
o lado e ver que tem pessoas na mesma situação e saber olhar para frente e ver
que existem pessoas em melhor situação, e se elas se encontram nesta
situação, com certeza você pode chegar lá!
Agradecimento
Gostaria de agradecer aos médicos, às enfermeiras da santa Casa e todos os
meus familiares e amigos que desde o início e até o presente momento me dão força
para que eu nunca desista dos meus sonhos e objetivos.
Fonte: JTV, de 18/07/2013.