21 de jul. de 2013

Entrevista ao JTV

Rodrigo Vieira Braga Fagnani na Sala com Marcia Duarte
O Paratleta conquista três medalhas de Ouro para Valinhos nos regionais e fala ao JTV


Fale como se tornou um paraplé­gico? Como recebeu esta notícia?
Com 21 anos de idade sofri um acidente de carro. Foi exatamente no dia 18 de maio de 2003. Fiquei internado na Santa Casa de Valinhos durante 15 dias, onde passei por uma cirurgia para colo­cação de uma placa em uma das vértebras. Realmente, uma fata­lidade. No momento da notícia o médico me perguntou: "Você tem noção de como vai ser daqui pra frente?" e eu respondi: doutor eu não estou pensando naquilo que perdi e sim naquilo que eu posso ganhar daqui pra frente. Porque não perdi o bem maior que é a vida.

Quais foram às dificuldades en­contradas?
O fator fisiológico e o de mo­bilidade foram os maiores desafios. Não tive depressão, não fiz trata­mento psicológico, minha recupe­ração foi graças ao carinho e amor prestados pelos meus amigos e fa­miliares. Acredito que eles foram meu maior incentivo.

Como foi a sua reabilitação?
Numa primeira etapa fiz o tratamento de reabilitação focado na postura, na circulação, na cardiorespiração e na fisioterapia ini­cial, junto a AACD e a UNIP. Num segundo passo foi o fortalecimen­to muscular junto a ACESA Vali­nhos, onde pratiquei equoterapia e natação. Depois de dois anos e meio do acidente já estava fre­quentando a academia de muscu­lação do clube atlético valinhense.

O que te levou a prática espor­tiva?
Desde que me conheço por gente sempre pratiquei esportes, dentre eles atletismo, ginástica olímpica, futebol, capoeira, jiu-jitsu e musculação. Em 2005 come­cei a trabalhar na Prefeitura Muni­cipal de Valinhos como supervisor de esportes. Foi quando conheci o Adriano Vitorino e o Peterson Al­ves e iniciei o treinamento no atle­tismo adaptado. O esporte me pro­porciona qualidade de vida, resga­te da autoestima, inclusão social e realização pessoal.

Fale   sobre   sua   participação como paratleta.
Participo desde 2005 de competições. Sou o atleta que tem mais medalhas nos Jogos Regionais e Abertos. Nos Jogos Regionais sou o atleta invicto nas modalidades por mim praticadas. Em 2006 fui o primeiro atleta campeão paraolímpico brasilei­ro universitário e primeiro atle­ta campeão dos Jogos Abertos. Na primeira participação nos Jo­gos Abertos fui ouro, nas demais fui prata e bronze nas modalida­des de arremesso de peso e lan­çamento de disco e dardo. Duas vezes pratiquei Kart, sendo quin­to colocado na primeira vez e ter­ceiro colocado na segunda. Em 2010 comecei tiro esportivo e praticar natação.

E para o futuro?
Continuo praticando mus­culação, pretendo iniciar compe­tições de natação e luta de braço. Não pretendo parar tão cedo, pois o esporte faz parte das melhores sensações que tenho na vida.

Em 2009 você se tornou Diretor de Esportes. Quais foram os seus feitos?
Busquei democratizar e des­centralizar o esporte levando para os bairros atividades esportivas. O meu foco e prioridade foi sempre a juventude e também os esportes radicais, como skate, dirty jump,... Realizei diversos eventos esporti­vos na cidade junto com a Secreta­ria de Esportes e com o apoio dos professores envolvidos.

Como você avalia o resultado geral dos Jogos Regionais des­te ano?
Valinhos mostrou muito empenho e dedicação dos pro­fessores, diretores e do secretário Paulo Sabioni "Periquito". Em tão pouco tempo de gestão Vali­nhos obteve resultados expressi­vos comparados a anos anteriores e com a atuação de atletas legítimos valinhenses, sem a contrata­ção de estrelas.

E os seus resultados nos jogos regionais?
As marcas que obtive foram abaixo das minhas obtidas em treino, devido à ruptura do tendão do meu dedo que sofri dias antes das competições. Mesmo assim consegui assegurar três medalhas de ouro para Valinhos, estando no pódio três vezes representando mi­nha cidade. E isso é questão de or­gulho para rriim.


Qual a mensagem que você deixa para as pessoas com de­ficiência?
Saber olhar para trás onde verá pessoas em pior situação, sa­ber olhar para o lado e ver que tem pessoas na mesma situação e saber olhar para frente e ver que existem pessoas em melhor situ­ação, e se elas se encontram nes­ta situação, com certeza você pode chegar lá!

Agradecimento
Gostaria de agradecer aos médicos, às enfermeiras da santa Casa e todos os meus familiares e amigos que desde o início e até o presente momento me dão for­ça para que eu nunca desista dos meus sonhos e objetivos.

Fonte: JTV, de 18/07/2013.

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