8 de mai. de 2019

Uma experiência revigorante


            O vereador de Valinhos Rodrigo Fagnani nos fez uma visita nessa quarta-feira dia 8 de maio para falar sobre, entre outros assuntos, o comprometimento e a superação.
            De acordo com Rodrigo, sua vida está dividida em duas etapas, antes do acidente e após o acidente que o tornou cadeirante. Ele sempre levou uma vida muito atlética e esportiva quando adolescente e, mesmo após o ocorrido, ele não abandonou esses gostos.
            Ele tinha vontade de cursar Medicina na faculdade quando tinha aproximadamente 17, 18 anos, tentou várias vezes, até tinha passado em Biologia, mas decidiu prosseguir tentando, no entanto, foi aí que seu acidente se deu, num dia como outro qualquer. Voltando de uma série de festas de fim de semana com os amigos, Rodrigo cometeu um engano enquanto dirigia, tirou seu cinto em determinada parte do trajeto já que estava chegando perto de seu destino, onde teria que descer do carro para abrir um portão. Nesse momento, ele dormiu ao volante por alguns instantes, perdendo o controle do carro que bateu na guia e, em seguida, capotou, lançando-o longe devido a sua remoção do cinto de segurança. Rodrigo sobreviveu, mas relata que, ao recuperar os sentidos, não sentia as pernas. Ele estava com outras duas colegas e um amigo no carro, que não sofreram nada grave. Ligaram para a ambulância e ele, por ser interessado no assunto de medicina, já suspeitava ter perdido de fato o movimento das pernas ou algo dessa natureza.
            Rodrigo contou que, enquanto estava na ambulância indo para o hospital, viu “o filme” de sua vida passar diante de seus olhos e acreditou estar deixando nosso mundo. Enquanto ficava de repouso durante as 72 horas seguintes ao acidente, por indicação médica, ele refletiu sobre o sentido da vida e de como ele a tratava. De acordo com estatísticas e o relato de Rodrigo, sua chance de sobrevivência naquele acidente era de 3% apenas e, quando o médico foi relatar a ele que estava sem o movimento das pernas, Rodrigo decidiu revelar que já estava ciente dessa possibilidade e que já sabia o que o médico iria lhe contar. Ele já tinha planos e objetivos para a sua vida dali em diante.
            Rodrigo enfatizou durante sua palestra que seu objetivo não era ensinar nada a ninguém, e sim compartilhar parte de sua experiência de vida. Ele ressaltou o amor e o respeito ao próximo muitas vezes, uma vez que, quando teve a chance de ir para a AACD (Associação de Apoio à Criança Deficiente), viu muitas pessoas em condições miseráveis tentando ser atendidas há muito tempo. Ele também conta que viu pessoas alojadas em acampamentos para poderem ser atendidas.
            Todos esses fatores citados acima colaboraram para que ele visse o mundo de maneira mais ampla e humana. Ele então decidiu parar o tratamento via AACD por conta de seu “furo na fila”, como ele mesmo comentou.
            Rodrigo decidiu morar sozinho mesmo sem a casa, em que se instalou, não estar adaptada. Ele contou que isso se deu pelo comodismo que ele estava sentindo ao ser cuidado por seus pais e entes próximos, pois, afinal de contas, sua vida não seria mais a mesma. Com o tempo, Rodrigo conseguiu desenvolver técnicas para viver sozinho.
            Ele também contou um pouco sobre a sua vida política. Começou a cogitá-la por volta de 2003, data em que se preparou para a candidatura em 2004. Não foi eleito, mas foi muito bem votado e perdeu, infelizmente, por conta de quociente eleitoral. Ele tentou uma segunda vez e também perdeu por pouco, conseguindo se eleger em sua terceira tentativa. Rodrigo buscou e busca, desde então, melhorias na área de acessibilidade para deficientes.
            Além disso, como citado no começo do texto, mesmo após o acidente, Rodrigo não abandonou os esportes, descobriu a modalidade adaptada, sendo esta de lançamento de disco, de peso e de dardo. Com poucos meses, ele ganhou campeonatos significativos que elevaram muito o seu moral e confiança, dando-lhe impulso para realizar seus projetos, tanto políticos quanto pessoais.
            Dando agora um olhar pessoal sobre a história de vida dele até o presente momento, eu acredito que Valinhos, no caso, deu muita sorte de ter esse ser humano como seu vereador, porque ele é uma pessoa que passou por dificuldades que normalmente tornam a vida de um indivíduo muitas vezes mais difícil. Como ele mesmo disse, não é certo medir sofrimentos entre si e os outros, e cada um realmente tem suas dificuldades. Eu concordo, mas também creio que não são muitas pessoas que, na condição dele, teriam a força de vontade e a criatividade que ele teve para superar e seguir em frente, não só isso como também prosperar e fazer bem ao próximo.
            Ele não é apenas uma boa pessoa com fé na vida e nas pessoas, mas também alguém que compreendeu verdadeiramente do que se trata a vida, no caso, a dele, mas o importante é que ele aprendeu muito sobre a sua missão aqui neste mundo. Sei que corremos o risco de, em alguns lugares do mundo, perdermos o olhar humano e zeloso sobre a nossa vida e a dos outros, afinal injustiça ainda existe. Mas existem pessoas como o Rodrigo. Sinceramente, eu aprendi muito com os relatos dele e espero que, em todo lugar que ele vá, inspire as pessoas, para que, além de ousadas sonhadoras, essas pessoas também se tornem ferozes realizadoras, e é disso de que precisamos, pessoas determinadas.
            Ele disse que comemora duas datas, a de seu aniversário, o nascimento físico, e o dia do seu acidente e, como diz a juíza Marilena Soares ao personagem João Guilherme Estrella no filme “Meu nome não é Jhonny”, “O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos”.  Acho que essa citação e a tratativa de Rodrigo sobre si mesmo se casam muito bem, já que foi diante de 3% de chance de sobrevivência que ele se redescobriu e mudou a sua vida.

Texto do aluno Yanko Zuchi Kasinof (2ª Série B).

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