
De acordo com Rodrigo, sua vida está
dividida em duas etapas, antes do acidente e após o acidente que o tornou
cadeirante. Ele sempre levou uma vida muito atlética e esportiva quando
adolescente e, mesmo após o ocorrido, ele não abandonou esses gostos.
Ele tinha vontade de cursar Medicina
na faculdade quando tinha aproximadamente 17, 18 anos, tentou várias vezes, até
tinha passado em Biologia, mas decidiu prosseguir tentando, no entanto, foi aí
que seu acidente se deu, num dia como outro qualquer. Voltando de uma série de
festas de fim de semana com os amigos, Rodrigo cometeu um engano enquanto
dirigia, tirou seu cinto em determinada parte do trajeto já que estava chegando
perto de seu destino, onde teria que descer do carro para abrir um portão.
Nesse momento, ele dormiu ao volante por alguns instantes, perdendo o controle
do carro que bateu na guia e, em seguida, capotou, lançando-o longe devido a
sua remoção do cinto de segurança. Rodrigo sobreviveu, mas relata que, ao
recuperar os sentidos, não sentia as pernas. Ele estava com outras duas colegas
e um amigo no carro, que não sofreram nada grave. Ligaram para a ambulância e
ele, por ser interessado no assunto de medicina, já suspeitava ter perdido de
fato o movimento das pernas ou algo dessa natureza.
Rodrigo contou que, enquanto estava
na ambulância indo para o hospital, viu “o filme” de sua vida passar diante de
seus olhos e acreditou estar deixando nosso mundo. Enquanto ficava de repouso
durante as 72 horas seguintes ao acidente, por indicação médica, ele refletiu
sobre o sentido da vida e de como ele a tratava. De acordo com estatísticas e o
relato de Rodrigo, sua chance de sobrevivência naquele acidente era de 3%
apenas e, quando o médico foi relatar a ele que estava sem o movimento das
pernas, Rodrigo decidiu revelar que já estava ciente dessa possibilidade e que
já sabia o que o médico iria lhe contar. Ele já tinha planos e objetivos para a
sua vida dali em diante.
Rodrigo enfatizou durante sua
palestra que seu objetivo não era ensinar nada a ninguém, e sim compartilhar
parte de sua experiência de vida. Ele ressaltou o amor e o respeito ao próximo
muitas vezes, uma vez que, quando teve a chance de ir para a AACD (Associação
de Apoio à Criança Deficiente), viu muitas pessoas em condições miseráveis
tentando ser atendidas há muito tempo. Ele também conta que viu pessoas alojadas
em acampamentos para poderem ser atendidas.
Todos esses fatores citados acima
colaboraram para que ele visse o mundo de maneira mais ampla e humana. Ele
então decidiu parar o tratamento via AACD por conta de seu “furo na fila”, como
ele mesmo comentou.
Rodrigo decidiu morar sozinho mesmo
sem a casa, em que se instalou, não estar adaptada. Ele contou que isso se deu
pelo comodismo que ele estava sentindo ao ser cuidado por seus pais e entes
próximos, pois, afinal de contas, sua vida não seria mais a mesma. Com o tempo,
Rodrigo conseguiu desenvolver técnicas para viver sozinho.
Ele também contou um pouco sobre a
sua vida política. Começou a cogitá-la por volta de 2003, data em que se
preparou para a candidatura em 2004. Não foi eleito, mas foi muito bem votado e
perdeu, infelizmente, por conta de quociente eleitoral. Ele tentou uma segunda
vez e também perdeu por pouco, conseguindo se eleger em sua terceira tentativa.
Rodrigo buscou e busca, desde então, melhorias na área de acessibilidade para
deficientes.
Além disso, como citado no começo do
texto, mesmo após o acidente, Rodrigo não abandonou os esportes, descobriu a
modalidade adaptada, sendo esta de lançamento de disco, de peso e de dardo. Com
poucos meses, ele ganhou campeonatos significativos que elevaram muito o seu moral
e confiança, dando-lhe impulso para realizar seus projetos, tanto políticos
quanto pessoais.
Dando agora um olhar pessoal sobre a
história de vida dele até o presente momento, eu acredito que Valinhos, no caso,
deu muita sorte de ter esse ser humano como seu vereador, porque ele é uma
pessoa que passou por dificuldades que normalmente tornam a vida de um
indivíduo muitas vezes mais difícil. Como ele mesmo disse, não é certo medir
sofrimentos entre si e os outros, e cada um realmente tem suas dificuldades. Eu
concordo, mas também creio que não são muitas pessoas que, na condição dele,
teriam a força de vontade e a criatividade que ele teve para superar e seguir
em frente, não só isso como também prosperar e fazer bem ao próximo.

Ele disse que comemora duas datas, a
de seu aniversário, o nascimento físico, e o dia do seu acidente e, como diz a
juíza Marilena Soares ao personagem João Guilherme Estrella no filme “Meu nome
não é Jhonny”, “O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela
primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos”. Acho que essa citação e a tratativa de Rodrigo
sobre si mesmo se casam muito bem, já que foi diante de 3% de chance de
sobrevivência que ele se redescobriu e mudou a sua vida.
Texto do aluno Yanko Zuchi Kasinof (2ª Série B).
Texto do aluno Yanko Zuchi Kasinof (2ª Série B).
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